quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Short Stories

Lendo a fodástica Hilda Hilst (essa mulher me faz tão feliz, gente!) me animei com os "Short Stories" dela e resolvi escrever uns também, hohoho.
Vou colocar os três primeiros que são da Hilda e vou mandar minhas tentativas de "Short Stories" na sequência.
Ah, e o que vale é a intenção, poxa vida!


Primeiro conto (vulgo short stories)- Mãezinha, ando farto das tuas besteiras, sobre moralidade e família à hora da janta. Já te vi várias vezes chupando o pau de papai. Me deixa em paz.
Assinado, Júnior.


Segundo conto (vulgo short stories) - Vidinha, pensa bem , tu tem cinquenta e eu vinte e cinco. Tu diz que é o espírito que conta. Eu compreendo, Vidinha, mas tô me mandando. Não deprime. A gente se cruza, tá?
Assinado, Laércio.
Toda essa fala eu ouvi tomando guaraná no balcão de um armazém. Ele era um garotão, ela uma gordota de olho pretinho


Terceiro conto (vulgo short stories) - O nome dele era Sol e Adultério. O do meu marido é Elias. Meus filhos se chamaram Ednilson e Joaquim. Tenho vontade que todos morram. Menos ele. (Aquele primeiro, luz e cama.)Sinto muito meu Deus, mas é assim.
Assinado: Lazinha.
Desde eu gosto muito. Adultério lhe parecia na adolescência uma palavra belíssima. Agora também. Depois da AIDS, menos.


Quarto conto (vulgo short stories) - Eu tenho nojo das pessoas. O corpo é um grande depósito de lixo ambulante. Esse depósito com suas várias entradas e com suas várias saídas. Às vezes, as saídas tornam-se entradas, e tens a pachorra de protestar sobre algum vestígio que fica em seu membro fétido? Oras, vai te catar!
Assinado: Paulette.


Quinto conto (vulgo short stories) - Vem cá, morinho, diz pra mim com quem foi seu melhor beijo? - Com você, doçura, claro. - Não, assim não vale, morinho, fala isso pra não me magoar.Vai diz. - Tô dizendo, doçura, foi com você. - Ah, amor , pode falar, não vou ficar zangada,só pintou uma curiosidade. - Certo,foi com a Mariane do cursinho. - A Mariane? Aquele ridícula que usava aqueles dreads horríveis? - Isso... - Porra, vai se foder, João! Como tem coragem de me falar que gostou de beijar outras garotas? Não te manca não? Seu insensível de uma fíga!
- Calma, doçura, onde você vai? - Vou embora, vai lá atrás da Mariane.
Assinado: Mulheres


Sexto conto (vulgo short stories) - Veja que belezura ali do outro lado da rua,Cléber, que pitél! Olha aquele vestidinho colado no corpinho dela, dá pra ver o bico do seio.E que pernócas, meu amigo. Eu a chuparia todinha. Deixa eu ir para a casa ,ainda tenho que buscar a patroa no serviço.
Assinado: Homens


Sétimo conto (vulgo short stories) - Eu não fiz por mal, benzinho,estamos juntos há mais de 8 anos, você foi o meu primeiro namoradinho, tirou o meu cabaço e sou feliz ao seu lado, mas eu precisava experimentar outra piroca para ver a diferença que tinha com a sua. Não fica zangado comigo, tá? Você precisa ter uma mente mais aberta sobre essas coisas, eu já estou me abrindo a elas.
Assinado, Lucrécia


Oitavo conto (vulgo short stories) - Não entendo essas coisas da vida, de não poder sorrir e falar com todos na rua sem ser chamado de louco. De não poder chorar a hora que bem entender sem ser chamado de fraco. De não poder ficar nu em sua casa sem que os vizinhos te chamem de obsceno. De não poder comer algo sem pensar que toda a gororoba vai virar gordura em seu corpo. De amar demais e ver que foi tempo perdido. De não viver intensamente a vida por regras impostas por você mesmo. Não entendo essas coisas da vida.
Assinado: meu eu lírico

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